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domingo, novembro 11, 2012

O Até Amanhã que Angustia...

 Encerrei as atividades e saí pela metade; a outra metade  foi acompanhando  aquelas crianças e adolescentes  que  permanecem  nos meus momentos de reflexão, de desejo, de pensar a vida... O trabalho  social com crianças e adolescentes é difícil. Experimento   períodos de angústia  e momentos fascinantes.
A angústia decorre da  constatação de que vivemos  numa sociedade  que  não consegue dar conta da sua criança,  e do  seu adolescente  ambos em situação de vulnerabilidade social, que  sofrem as  consequências das  desigualdades  sociais, da desagregação familiar.
É difícil, porque  cada um  é um universo, rico de experiências, transbordando emoções; daí nasce para mim  o  fascínio: senti-los   não destinados ao fracasso, capazes de superar as adversidades, de resistir às provocações, de superar as frustrações, de  dar e receber afeto...
Em se tratando de crianças e adolescentes, não  nos falta Lei: “O Estatuto da Criança e do Adolescente” é uma ferramenta   que adequadamente   utilizada faculta ao  operador ousar na defesa dos  direitos dos  seus tutelados.
Diante  do texto  legal,  podemos afirmar  que todas as  crianças e adolescentes  são iguais  perante a  Lei.  A igualdade formal positivada na  Norma Geral, não assegura,  porém, aos sujeitos tutelados, as mesmas oportunidades, as mesmas  condições, os mesmos atendimentos.
Deparamo-nos,  por conseguinte, com o  descompasso entre   o conceito de igualdade  formal e igualdade material. O princípio inspirador, que é o da dignidade da pessoa  humana, penso fenecer diante da realidade das nossas crianças e  dos nossos adolescentes, os quais vivem  em situação de risco.
É comum  atribuir à família a responsabilidade  pela situação dos  filhos. Temos  em mente que a família  é o núcleo primário de  proteção, afeto e socialização.
As pesquisas afirmam que a afetividade é  a base do relacionamento familiar; que ser   pai e mãe  deve ser decisão do coração, muito mais  do que decisão biológica. O ingrediente  essencial ao  funcionamento harmônico da engrenagem familiar é o amor, elemento  que  permite a união socioafetiva e a falta  desse  ingrediente causa  o que estamos  experimentando  em todos  os níveis  da  sociedade hodierna.
A  família é  composta  por membros de um sociedade  que  adoeceu e  vive na defensiva. Temendo as  acusações, a família  culpa a sociedade e esta responsabiliza a família.
Na tentativa de minimizar o resultado,  surgem os movimentos  ocasionais em favor da criança abandonada; do adolescente viciado;  prostituído; excluído; etc...
Surgem, ainda, os projetos sociais  de  natureza  pública ou  privada; os atos isolados de natureza filantrópica. Em que  pese a importância de cada ato,  fico  angustiada porque sei que   diante a  aceleração  no cotidiano,  das exigências sociais, dos padrões estabelecidos, das ditaduras da beleza, do sucesso etc,  cada até  amanhã pode ser um “Adeus”.

1 comentários:

Marcos Sousä disse...

Parabéns pelo artigo, para reflexão sobre o tema abordado.

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