Quando adolescente, o termo utilizado para identificar as meninas, colegas de escola, que não faziam parte do nosso grupo era : “bestinha”.
Durante todo o antigo ginásio, os grupos competiam entre si. No dia da entrega da nota, declinada em voz alta, formávamos uma torcida organizada; na aula de educação física as equipes formadas para os jogos eram destacadas ...
Na formatura, que ocorria no pátio, o uniforme era observado, entre olhos fazíamos a comparação. Assim crescemos, certas de que nós não éramos as bestinhas e, sim, o grupo da turma de traz. Éramos da turma da frente!
Muito tempo se passou... Certo dia, uma amiga querida, apresentou-me a cunhada; percebi, na expressão da moça, que o meu nome não lhe era desconhecido e daí veio a surpresa: ela era uma das meninas do grupo das bestinhas.
Foi agradabilíssimo o encontro e, para minha surpresa, tomei conhecimento que o grupo que eu fazia parte, também era visto como bestinha. Então, constatamos que a turma era composta por bestinhas.
Ela confidenciou que sempre desejou ser minha amiga; lembrou-me de fatos que eu houvera esquecido; outros tomei conhecimento naquela hora; falou da admiração que nutria por mim,do quanto desejou ser como eu em alguns momentos.
Éramos tão meninas, tínhamos a mesma idade...
Foi uma grande aula de vida; à minha frente eu via alguém que guardava sobre mim lembranças boas e que eu não pude desfrutar da amizade , em decorrência de tão empobrecida avaliação, à época.
Penso que assim procedemos na vida muito mais vezes do que imaginamos. Dizemos não gostar de alguém pelos porquês mais variados e nunca comprovados.
Nutrimos antipatias gratuitas; tomamos por verdades o que nossos olhos vêm ou, o que supomos ser, sem darmos a oportunidade das explicações devidas; sem passarmos a limpo; sem avaliarmos as noticias, nem estabelecermos a aproximação que aquece e estreita.
Quantas pessoas gostariam de conversar conosco; quantas poderiam contribuir em nossa vida e, por rotularmos estas ou aquelas, não as deixamos chegar...
Por certo, teríamos mais amigos e poderíamos dar mais de nós, se deixássemos a energia boa circular.
0 comentários:
Postar um comentário