Quando precisamos viver a hora da despedida, a surdez se instala.
Interessante fenômeno. Observo que, embora seja individual, todos podem experimentá-lo.
Quem já viveu o fim de um relacionamento amoroso, por exemplo, pode muito bem descrever o sintoma da surdez.
Inicialmente, não ouvimos as insinuações denunciativas, por mais que o outro arrisque . Posteriormente, o outro diz e permanecemos sem decodificar a mensagem, processo de bloqueio da audição.
Com o passar do tempo, de tanto o outro insistir, percebemos que algo parece que está sendo dito, mas por certo, estamos entendendo errado.
O processo de surdez emocional, uma vez instalado, pode permanecer por muito tempo: meses, anos; ‘‘até que a morte nos separe....”
Sempre que alguém tenta facilitar o nosso entendimento, acreditando que não estamos ouvindo a mensagem, de imediato, defendemos o nosso estado, sob as mais diversas alegações.
Algumas pessoas compreendem o estado patológico e silenciam.
Quando a situação fica irremediável e nos deparamos com a impossibilidade da permanência com o estado de separação, resta-nos apenas uma saída: a despedida.
A despedida por imposição tem feição de violência. Eu já ouvi de diversas pessoas afirmando: “Estou deixando ou saindo para atender a vontade dele ou dela”.
É claro, que para estas pessoas não houve despedia. A saída tem cheiro de até breve ou volto já.
Quando as pessoas porém,decidem ouvir, é impressionante o desaparecimento total do impedimento auditivo. Surge então nova faze: as palavras que nunca foram ouvidas fazem sentido e são tantas..., que formam um texto.
Ao lermos o texto, sem nenhuma surpresa, constatamos que durante todo o tempo, estivemos surdos por defesa.
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