MÁGOA

Algumas vezes, o veneno da mágoa encontra em nossa mente espaço propício e, uma vez instalado, causa-nos graves problemas de saúde.

A medicina e a ciência do comportamento comprovam o efeito da mágoa no organismo; doenças são constatadas em decorrência da mágoa. Dessa forma, podemos ser classificados como suicidas.

A mágoa é um sentimento, gerado por uma certa forma de pensar o outro e a vida. De início é o desgosto, um descontentamento seja pela vida ou pelo proceder de alguém em ralação a nós próprios, rapidamente  sentimos forte amargura que pouco a pouco se torna crônica.

Não identificamos com clareza tal situação, aprendemos a tática da defesa e por certo preferiremos dizer, por exemplo: “Comigo não acontece assim, eu mato na minha lembrança...”

É possível perceber que não esquecemos, não matamos, o gosto amargo permanece exalando odor e refletido em nossa fala...

Ante a complexidade humana, não existe uma medicação específica para o tratamento, fórmulas manipuladas não permitem a cura.  Penso, no entanto, que individualmente no exercício pleno de nosso livre arbítrio podemos aliviar os sintomas e por fim, experimentarmos a cura.

Considerando que a mágoa é conseqüência da nossa forma de interpretar os fatos, os acontecimentos, só poderá ser evitada se conseguirmos pensar diferente, se substituirmos o modelo padrão que é o causador da mágoa. Absolvendo o causador da mágoa, por certo, sentiremos o alívio.

Precisamos de lucidez e entendimento para que nas relações não adoeçamos nem fomentemos as doenças alheias.  Pensar a vida implica compreender as diferenças, desculpar o outro é uma forma de pedir desculpas por nós próprios.

Quem nunca se equivocou? Quem nunca machucou quando só queria dizer...? Quem nunca frustrou? Nunca deixou... nunca mentiu, prometeu e não cumpriu? Quem nunca comentou de forma leviana algo sobre alguém? Nunca julgou e condenou sem dar ao outro a possibilidade da defesa?

Quantas  hipóteses  de genuína manifestação humana poderíamos trazer à nossa fala, espero que possamos desde já, dar início ao processo da cura.  Compreendamos aquela pessoa, a situação...

Assinemos desde logo a sentença absolutória do outro e por conseqüência estaremos livres também.