Como é fácil saber o que é melhor na vida do outro...
Em se tratando de situação alheia, acreditamos que somos hábeis solucionadores de problemas. Conheço pessoas que marcam reuniões para, única e exclusivamente, comentar a vida alheia; claro que sob os mais variados disfarces.
Minutos são consumidos ao telefone com os relatos, os comentários, as hipóteses e as conhecidas expressões : “eu acho que você deveria ....”
A intromissão na vida alheia é atividade, desde há muito praticada, e tem característica, no meu sentir, de moléstia altamente contagiosa.
Prestemos atenção na possibilidade do contágio: alguém afirma algo sobre o outro, que não é do nosso interesse, que não nos é útil saber, que em nada acrescenta em nossa vida; nem mesmo sabemos que se trata de algo verdadeiro .
E daí! Se ficarmos ouvindo, prestando atenção, estaremos correndo sério risco: o contágio. Em havendo a contaminação, dali por diante desempenharemos o papel de “ palpiteiros”.
O palpiteiro tem orgulho do seu papel; por entendê-lo relevante procura aumentar a rede... Pensemos; como poderá sobreviver este personagem sem ouvidos para ouvi-lo? sem alguém para interagir? sem vida alheia para comentar...?
Triste sina para quem adota tal conduta, não tem vida própria, é um aprisionado. Coitado, depende dos outros para ter assunto.
A vida pessoal do palpiteiro é nada interessante: vazia de ações , empobrecida de boas emoções... sem sentido. Nada realiza porque não tem tempo para pensar a sua própria vida.
Por ser uma doença grave, carece de severo investimento na prevenção: não favorecer a escuta. Dependendo de quem seja,reconheço ser difícil a decisão.
Com clareza dizer: “ Eu estou proibida ou proibido de ouvir... “ se houver insistência, afirme: “ordens médica, não tenho o anticorpo para evitar a enfermidade...”
E se houver a contaminação? Aí o tratamento é doloroso.
Haverá por certo, a crise da abstinência; os delírios; a sensação de vazio.. Há de haver muita perseverança...
Se há cura? não sei; teria que se fazer uma pesquisa de campo, de estreitar convívio. Considerando que não tenho anticorpo, para enfrentar de forma destemida a moléstia,prefiro escrever para fortalecer em mim a certeza, do que não quero para minha vida.
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