A cultura da perfeição, rejeitando claramente as manifestações de vulnerabilidade é uma das características do sistema capitalista. Em decorrência desta cultura, sofremos uma grave crise de ordem emocional.
Rendemos culto a beleza, estabelecendo por padrão o que é determinado nas passarelas; aceitamos o que é imposto sob o título de tendência e admiramos os que colecionam cargos e títulos. Vitorioso é o bem sucedido economicamente; é aquela pessoa que ocupa as colunas sociais, a qual é manchete nos jornais e revistas semanais.
Distanciados do que somos, vivemos preocupados em mostrar o que temos e, quando não temos o que mostrar, sofremos...
Penso que vivemos a era do vazio. Na labuta diária em busca do ter, distanciamo-nos do ser, sem que entendamos o porquê.
Não temos tempo para reflexões e o relógio não para; as respostas tem de ser instantâneas, porque o tempo é tido como um dos capitais mais valiosos.
Não nos olhamos, não nos acolhemos, fugimos do enfrentamento das dores próprias da nossa realidade humana: quando morre algum ente querido, temos que estar bem, quase já no dia seguinte; ao findar uma relação amorosa, afirmamos que não devemos sofrer porque “a fila anda”, não fazemos o balanço necessário; não choramos de saudade...
Onde depositamos as demandas absolutamente humanas? Não há espaço para a dor, para o luto, para o medo , para a dúvida.
Creio que estamos mutilados emocionalmente e, não existe à venda a prótese emocional. A medicação pode nos fazer dormir, mas quando acordados temos de enfrentar a realidade humana, o nosso vazio...
Precisamos de ajuda, por certo, mas temos de dar o primeiro passo.
1 comentários:
Amiga vc voltou com tudo. Esta simplesmente LINDOOOO.
Bjusss
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